http://www.makepovertyhistory.org

Thursday, June 30, 2005

Tribos nativas

Existem tribos nativas que não entendem que a voz tenha sido feita para falar. Isso faz-se com o centro do coração/cabeça. Quando usamos a voz para falar, temos tendência para nos entregarmos a conversas limitadas, desnecessárias e menos espirituais. A voz é feita para cantar, para festejar e para sarar. Todos temos múltiplos talentos e cada um pode cantar. Se eu não honrar o dom por pensar que não consigo cantar, isso não diminui a cantora que há dentro de mim.

Wednesday, June 29, 2005

Saudade


Libertaste-te do teu corpo, faz hoje sete dias. Acredito, que só deixaste de combater todas as tuas doenças, quando achaste que havia um caminho, para cada um dos teus, encontrado. E que eles tomariam conta um dos outros, mas isso, tu já sabias. Sempre tiveste uma alma grande e por isso não te vejo num local especifico, “deixaste-te ficar em tudo. Sobrepostos na mágoa indiferente deste mundo que finge continuar, os teus movimentos, o eclipse dos teus gestos. E tudo isto é agora pouco para te conter. Agora, és o rio e as margens e a nascente; és o dia, e a tarde dentro do dia, e o sol dentro da tarde; és o mundo todo por seres a sua pele.”

Não mais te tocarei,
mas sei,
que jamais te esquecerei.

Sunday, June 26, 2005

Amigos


Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles. A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objecto dela se divida em outros afectos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto a minha vida depende de suas existências…A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.Muitos deles estão lendo esta crónica e não sabem que estão incluidos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não têm noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilibrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.Por vezes, mergulho em pensamentos sobre eles.Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me uma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer…Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos! A gente não faz amigos reconhece-os.

Thursday, June 23, 2005

Tribos nativas


Algumas tribos nativas acreditam que quando estamos sentados em circulo, é muito importante observar os outros membros do grupo, muito especialmente a pessoa que está sentada à nossa frente. Essa pessoa é um reflexo do nosso próprio espírito. As coisas que vemos nessa pessoa e que admiramos são as nossas qualidades interiores que desejamos tornar mais dominantes. As acções, os aspectos e o comportamento de que não gostamos são coisas acerca de nós próprios que precisamos de trabalhar. Não conseguimos reconhecer aquilo que consideramos bom ou mau nos outros, a menos que tenhamos, nós próprios, as mesmas forças e fraquezas nalgum nível do nosso ser. Só difere o grau de auto-disciplina e de auto-expressão. Acreditam que a única forma de uma pessoa conseguir verdadeiramente alterar alguma coisa de si própria é através da sua própria decisão e que todos têm capacidade de alterar o que quiserem da sua personalidade. Não há limite para o que podemos libertar e para o que podemos adquirir. Acreditam também que a única verdadeira influência que temos sobre os outros é através da nossa própria vida, a maneira como agimos, o que fazemos. Essa crença obriga os membros da tribo a um esforço diário para se tornarem pessoas melhores.

Tuesday, June 21, 2005

Felicidade sem utopia


“...A felicidade é o resultado de quatro grandes temas: a forma de ser, a vida afectiva, a vida profissional e a cultura...Quem não sabe o que quer não pode ser feliz. E saber o que queremos significa capacidade para ter objectivos, metas e planos concretos...A personalidade, por exemplo, é o cartão de visita de cada um de nós e, por isso, ter uma personalidade madura é um trabalho essencial. Em segundo lugar a vida afectiva, ou seja, no campo dos sentimentos é importante conseguir um bom equilíbrio. Em terceiro lugar a vida profissional. Hoje há dois extremos: as pessoas que não têm trabalho e as pessoas que só têm tempo para trabalhar e a ideia é tentar viver num ponto intermédio. Em quarto lugar a cultura: importa perceber que a cultura é a estética da inteligência. A cultura é a curiosidade em ir crescendo por dentro, alargando os horizontes da nossa paisagem interior...muda o ser humano e, nesse sentido, a cultura é liberdade...A liberdade e a cultura são duas chaves essenciais para a felicidade.
...o homem é um animal descontente e, por isso, trata-se de não desistir de tentar ser mais feliz...É importante ter um programa, um projecto de vida...no qual eu introduzo os principais ingredientes segundo o meu ideal individual de felicidade...
...para que uma pessoa mude são precisas duas coisas: ter consciência da questão que tem que mudar e ter vontade para o fazer. A vontade é a chave multiusos. Com uma vontade forte, as pessoas são como anões em cima de ombros de gigantes. A vontade é ordem, constância, disciplina, motivação e capacidade para concretizar a mudança...A constância é um dos grandes “truques” e traduz-se por não desistir, não desmotivar perante as dificuldades. Constância é ter a capacidade de persistir e crescer a partir das dificuldades. É isto que torna a pessoa mais forte, mais sólida e mais consciente do seu poder transformador...a felicidade consiste em ter boa saúde e má memória, coisa que significa que a capacidade para superar as coisas negativas do passado é um sintoma de boa saúde mental...A felicidade é a terra prometida, é a promessa do futuro. Por isso, uma pessoa fica velha quando não tem mais projectos... O importante, tanto na felicidade como noutros aspectos da vida, é pôr metas pequenas, concretas, realistas e manter os pés na terra....Uma pessoa que se propõe metas utópicas, acaba mal. Não é mais feliz aquele que tem mais, mas aquele que menos necessita. Dizia Sócrates que “sábio é o que vende géneros dos quais a alma se nutre”. Só a eternidade dos projectos sólidos pode fazer frente à efemeridade dos desejos que são como caprichos ou brinquedos do momento... O amor é o argumento principal. Não há felicidade sem amor, e não há amor sem sacrifício, sem renúncia....”coração que não queira sofrer dores, passe a vida livre de amores”... É importante concentrarmo-nos em coisas muito concretas da vida pessoal. Devemos fugir de coisas idílicas, inalcançáveis, porque produzem muita frustação. Trata-se de cada um tentar, na medidas das possibilidades, ir melhorando nas quatros facetas que comecei por enunciar...a personalidade, trabalhar a personalidade, melhorar o carácter, ser mais estável, desconcentrar do passado, ter uma visão mais positiva, ser capaz de estabelecer metas muito bem determinadas...É importante perdoar e aceitar. A nós e aos outros. “

Excertos da entrevista de Laurinda Alves a Enrique Rojas, psiquiatra

Monday, June 20, 2005

DUNAS


Quanta areia…
Encher as mãos com ela…
Tão fina…
Vê-la esvair-se por entre as fendas dos dedos,
que deveriam poder segurá-las…
Mas não…

São como o tempo…
São como a vida…
São como a morte.

Ninguém pode segurar…

Simone Duarte

Thursday, June 16, 2005

Tempo


O tempo que matas é o tempo que ele precisa para viver.
Podes transferir o tempo?
Dou-te 15 minutos da minha vida e tu…tu dás-me a alegria de te ver viver em pleno esses minutos.
As “sanguessugas do tempo”, essas…. sugam os milisegundos que temos, depois os segundos, acumulam para os minutos , pega nas horas, nos dias, nos anos….e no mais repente dos repentes…mirrámos, encolhemos, envelhecemos. Sugaram tudo o que tinhamos.
E aqueles que oferecem o tempo? Toma lá 30 minutos. E tu, 2 horas. Queres 15 minutos? Toma….e à beira do abismo, necessintando somente de dois minutos para não cair, todos se esqueceram, a tempo, de lhos dar.
É um perigo tranferir tempo.
Tens um tempo para mim?

Serei eu quem procuro?


Encontrava-me,
Perdida,
Numa mesa de qualquer café,
Absorta em pequenos grandes pensamentos.

Abordo-me,
E sento-me a conversar comigo.
Um inicio de conversa
Para um "re"conhecimento mutuo.
Acentuasse, a conversa.

Gostava eu de conversar comigo?
Era capaz de gostar de mim?
Quereria encontrar alguém como eu?
Poderia me/te tocar?
Seria pernitido?

Não me lembro
A última vez que toquei
Em alguém,
Ou fui tocada por...

Quem seria eu,
A que pensava?
Quem seria eu,
A que abordava?

Alguém,
Uma estranha que não "re"conhecia.

Quanto tempo duraria
Este nosso "des"encontro?

Sandra Garcia

Wednesday, June 15, 2005

Tribos nativas


Todos os seres humanos são espíritos que apenas visitam o mundo. Todos os espíritos são eternamente seres. Todos os encontros com outras pessoas são experiências e todas as experiências são ligações eternas. Temos de fechar o círculo de cada experiência. Não deixar pontas soltas. Se te afastares com sentimentos maus no teu coração em relação a outra pessoa, e esse círculo não for fechado, voltará a repetir-se na tua vida, mais tarde. Não sofrerás uma vez, mas vezes sem conta, até aprenderes. É bom observar, aprender e tornarmo-nos mais sábios com o que aconteceu. É bom agradecer, abençoar, o que sucedeu e afastarmo-nos em paz.

Tuesday, June 14, 2005

Palavras em forma de lágrimas


estás encarcerado, num corpo que é teu, mas já não te responde. adoeceu, de doenças indizíveis. os tubos que te circundam e te ligam à vida fazem apitar máquinas que não sabemos ler, dão-te de comer uma massa pastosa de aspecto duvidoso e libertam líquidos de cores assustadoras. apercebeste-te de tudo e tens medo. sentes-te vivo quando nos vês, mas depois vem a impotência de nada conseguires dizer. as lágrimas escorrem-te pela cara num último desespero de explicar aquilo que te vai na alma. e nós sabemos, sabemos que estás aí fechado, sabemos que estás farto de tudo isso, sabemos o quanto nos queres. egoístas nós, queríamos o sabor das tuas palavras, de te ouvir dizer que queres a tua roupa para sair dali, que queres o teu jornal e o teu café. a esposa de uma vida, sentada a teu lado nessa mesma mesa de café, a surpresa da visita dos filhos, do neto e do cão que está inconsolável com a tua falta e não sabe para que “relvado” foste tu passear que não voltas. Mas tu voltas, não voltas?

Homenagem ao Poeta


As palavras

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade


Wednesday, June 08, 2005

"habitu"

Vou repousar.
E mesmo das pessoas descansar.
Tenho este hábito,
de habitar em mim e estagnar.

Sandra Garcia

Tuesday, June 07, 2005

Poetisa aprendiz

Olho num rasgo
A ondulação do teu corpo
A luz a tentar entrar
A incitar ao nosso amar.

O tentar penetrar
E transformar
Este amar
Num único sopro de ar.

E depois do amar
O aninhar
O agarrar por detrás
E estar.

O silêncio a respirar
Os corpos a transpirar

A mente a repousar ...

Sandra Garcia

Monday, June 06, 2005

Dr. José Gameiro


Na passada sexta feira, ficou em falta o nome do autor do texto "A Intimidade". Após pesquisa intensa por uma casa de papeis desarrumados (sim, sim, a minha!!!) aqui fica o merecido mérito ao Dr. José Gameiro. O texto é retirado do seu livro "Crónicas" das Edições Afrontamento. Por achar que deve mesmo ser divulgado e não deve passar despercebido, aqui fica a publicidade devida. E mais um texto:

"Estar Disponível

Um dia destes, ao almoço com um amigo e companheiro de trabalho, dei por mim a dizer-lhe: devo estar a ficar velho, porque cada vez sinto mais a falta de disponibilidade das pessoas umas para as outras, e continuei na minha zanga, estou farto de estar com amigos que me esvaziam os problemas em cima e nem sequer perguntam se estou bem. O Daniel olhou para mim, sorriu e disse-me: olha, então estamos os dois a ficar velhos, porque também sinto isso. E continuámos a conversa, reflectindo sobre as várias hipótese da razão deste nosso comum sentimento: será que a nossa profissão faz com que os outros nos vejam sempre como escutadores, será que estávamos nesse dia pessimistas e o mundo não é tão mau como nós o pintámos, ou será que a disponibilidade de uns para os outros é cada vez menor? Neste último caso o aforismo popular «cada um sabe de si e Deus sabe de todos» ganha cada vez mais adeptos.Penso que a necessidade para alguns de recorrer a profissionais para falarem de si está muito relacionada com a solidão sentida por estas pessoas. Excluindo as chamadas doenças mentais, quem procura ajuda psicológica está numa situação de grande isolamento, que não é físico, mas que por qualquer motivo levou a que a comunicação com os outros se fechasse.Quando falamos de nós com alguém, aquilo que pedimos é que nos percebam e nos oiçam. Ao falarmos com pessoas que connosco estão muito envolvidas afectivamente, a resposta que muitas vezes nos espera não é de compreensão, porque o outro «depende» das nossas atitudes. Um filho ao falar com o pai pode ter o apoio desejado ou pode obter uma resposta negativa que ao repetir-se pode levar ao corte da comunicação. A mulher ao falar com o marido das suas preocupações com a relação com a mãe dela, pode levar o marido, nalgumas situações, a reagir ao excesso de sogra e desajudar a mulher.A relação de amizade é na minha opinião a mais despojada de confusões, a mais liberta de dependências e aquela que nos pode ajudar muito quando passamos maus bocados que envolvem outras relações importantes para nós.Os adolescentes criam amigos com grande facilidade e abrem-se com eles. Depois com a passagem a adultos alguns amigos mantêm-se, outros desaparecem. O início da actividade profissional estabiliza algumas amizades, mas a cada mudança de trabalho é preciso um esforço para não perder as amizades aí criadas. O início da vida a dois é outro passo difícil na amizade. O outro nem sempre aceita com facilidade os amigos, ou porque tem ciúmes ou porque gosta mais de outro tipo de pessoas. E perdem-se amigos assim.À medida que nos vamos tornando mais velhos, aumenta a facilidade com que fazemos conhecidos, mas diminui a probabilidade de fazermos amigos. Aumenta a nossa disponibilidade para o trabalho produtivo e para a carreira profissional e diminui para o estar calmamente a conversar com os amigos, sem nos preocuparmos com o tempo. O dinheiro é cada vez mais um valor importante e a amizade não é produtiva. Este ano na praia fiquei impressionado, porque cada vez que ouvia aquelas conversas moles de beira água entre amigos só se falava de dinheiro, impostos, negócios. E não me venham dizer que o povo passa dificuldades e por isso é que está preocupado, porque aquele povo não tem qualquer espécie de dificuldades. Mas isto é um aparte!As cidades esquartejam as relações e exigem de nós uma muito maior disponibilidade para procurar amigos. Quem não passou já pela situação de propor a um amigo um encontro e ouvir: hoje não que estou estoirado, amanhã tenho de me levantar cedo, estou cheio de problemas no emprego. É curioso ver como mesmo entre grandes cidades como Lisboa e Porto as diferenças são apreciáveis: no Porto ainda se passa por casa dos amigos sem aviso, os cafés são ainda um ponto de encontro quase diário, as festas de fim-de-semana mais frequentes.Estar disponível numa sociedade que confunde objectivos individuais com o salve-se quem puder é um desafio estimulante que nos permite o prazer de entrarmos nos outros e de deixar que nos entrem cá dentro."

Friday, June 03, 2005

Não fui eu que escrevi, mas...podia ter acontecido


"A Intimidade

Há algum tempo, alguém com quem mantenho conversas regulares perguntava-me o que é a intimidade.Confesso que foi das perguntas que, profissionalmente, maiores dificuldades me puseram.Numa primeira reacção respondi com uma outra pergunta, a suprema defesa de quem fica aflito. E você o que é que acha que é a intimidade?Do outro lado imediatamente ouvi – você fala tantas vezes nisso que deve ter alguma ideia.Ensaiei nova fuga retorquindo – bom, a intimidade sente-se, não é fácil descrevê-la – mas rapidamente percebi que, em conjunto com o meu interlocutor, iria ter que ir um pouco mais além.Usamos na nossa gíria coloquial expressões como «somos amigos íntimos», «com este tipo não quero intimidades», mas não é fácil exprimir o que é sentir intimidade com alguém.Será a partilha das nossa grutas psicológicas, numa espécie de espeleologia emocional, será a partilha dos corpos dos amantes? Ou será a sensação que temos algumas vezes na vida, que já conhecemos o outro desde sempre, como se tivéssemos uma alma gémea subitamente encontrada.Não creio que a intimidade tenha uma relação directa com a paixão, ainda que a sobreposição seja frequente. Também não acredito que consigamos ser íntimos de alguém só porque frequentamos o mesmo quarto e a mesma cama.Talvez a intimidade só se consiga quando a diferença é bem marcada entre os íntimos, num aparente paradoxo que a experiência de vida ensina a aceitar.Se reflectirem um pouco, verão que só conseguimos partilhar o que nos vai cá dentro com alguém que nos aceite e que não aproveite a intimidade para na primeira oportunidade nos mostrar como temos sentimentos, emoções, experiências um pouco difíceis de encaixar na relação que estamos a viver. A partilha da semelhança é fácil, qualquer relação superficial o permite. A partilha da diferença implica, muitas vezes, um revolver das tripas que a cultura popular bem exprime quando diz «fazer das tripas coração». Descobrir os limites da intimidade de cada um, em diferentes fases da vida, em relações amorosas, familiares ou de amizade é um pouco como o «pare, escute e olhe» necessário antes de atravessar cada passagem de nível da nossa vida afectiva."