Não fui eu que escrevi, mas...podia ter acontecido
"A Intimidade
Há algum tempo, alguém com quem mantenho conversas regulares perguntava-me o que é a intimidade.Confesso que foi das perguntas que, profissionalmente, maiores dificuldades me puseram.Numa primeira reacção respondi com uma outra pergunta, a suprema defesa de quem fica aflito. E você o que é que acha que é a intimidade?Do outro lado imediatamente ouvi – você fala tantas vezes nisso que deve ter alguma ideia.Ensaiei nova fuga retorquindo – bom, a intimidade sente-se, não é fácil descrevê-la – mas rapidamente percebi que, em conjunto com o meu interlocutor, iria ter que ir um pouco mais além.Usamos na nossa gíria coloquial expressões como «somos amigos íntimos», «com este tipo não quero intimidades», mas não é fácil exprimir o que é sentir intimidade com alguém.Será a partilha das nossa grutas psicológicas, numa espécie de espeleologia emocional, será a partilha dos corpos dos amantes? Ou será a sensação que temos algumas vezes na vida, que já conhecemos o outro desde sempre, como se tivéssemos uma alma gémea subitamente encontrada.Não creio que a intimidade tenha uma relação directa com a paixão, ainda que a sobreposição seja frequente. Também não acredito que consigamos ser íntimos de alguém só porque frequentamos o mesmo quarto e a mesma cama.Talvez a intimidade só se consiga quando a diferença é bem marcada entre os íntimos, num aparente paradoxo que a experiência de vida ensina a aceitar.Se reflectirem um pouco, verão que só conseguimos partilhar o que nos vai cá dentro com alguém que nos aceite e que não aproveite a intimidade para na primeira oportunidade nos mostrar como temos sentimentos, emoções, experiências um pouco difíceis de encaixar na relação que estamos a viver. A partilha da semelhança é fácil, qualquer relação superficial o permite. A partilha da diferença implica, muitas vezes, um revolver das tripas que a cultura popular bem exprime quando diz «fazer das tripas coração». Descobrir os limites da intimidade de cada um, em diferentes fases da vida, em relações amorosas, familiares ou de amizade é um pouco como o «pare, escute e olhe» necessário antes de atravessar cada passagem de nível da nossa vida afectiva."
4 Comments:
Conheci-te há bocadinho no "Murcon" e resolvi vir visitar-te.
Sou a primeira comentadora?!!!
Um texto bastante interessante e cuja discussão dará pano para mangas, sem dúvida.
Virei mais vezes, prometo, agora estou com pouco tempo.
Só para te dar as boas vindas a este mundo blogosférico.
Beijinho
Sê muito bem vinda andorinha...e sim és a minha primeira comentadora do blog. Obrigado pelo comentário!!! Um bom fim de semana
E eu conheci-te no Lobices e, claro, tinha de vir espreitar :) Imprudência minha. Porquê? Porque ando sem tempo e o teu blog é mais um a visitar. Bem vindo! Um beijo.
Peço desculpa pelo engano. Bem vinda!
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