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Wednesday, January 31, 2007

Se Eu Pudesse

Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe uma paladar,
Seria mais feliz um momento ...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...

Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva ...

O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja ...

Alberto Caeiro

Tuesday, January 23, 2007

O golpe

Porque no meio da alma alguém
deu esta pedrada faiscante como
um quieto sol ensanguentado e triste,
não há resguardo seguro, nem esquecimento
que me livre desta luz. Se pudesse
dormir, deixar as coisas, extraviar
a bagagem e desdobrar o lençol
da viagem. Sigo, contudo, ofuscada.
O resplendor, há que suportá-lo com firmeza.
A flor incandescente, quem a corta?
Quem sabe já me queime as pestanas,
quem sabe a alegria, quem sabe o duro
osso. Peço então a cinza
deste inútil verão e sua coroa
ardida e devastada, única e minha,
para este corpo de amor, predestinado.

Amanda Berenguer

Friday, January 19, 2007

Os Rádio Macau voltaram no mesmo dia que eu... :)

Os Rádio Macau actuaram no MusicBox num espectáculo que foi exclusivamente constituído por inéditos. Tocaram um clássico no fim, "Amanhã é sempre longe demais". Aqui fica.

"Pela janela mal fechada
Entra já a luz do dia
Morre a sombra desejada
Numa esperança fugidia
Foi uma noite sem sono
Entre saliva e suor
Com um travo de abandono
E gosto a outro sabor
Dizes-me até amanhã
Que tem de ser que te vais
Porque amanhã sabes bem
É sempre longe demais
Acendo mais um cigarro
Invento mil ideais
Só que amanhã sei-o bem
É sempre longe demais
Pela janela mal fechada
Chega a hora do cansaço
Vai-se o tempo desfiando
Em anéis de fumo baço"

Bem vindos!

Thursday, January 18, 2007

Bem vinda...

Seja eu, pois então muito bem vinda a este 'canto'. Não vou mentir e falar em saudades, vou falar em disponibilidades psíquicas, que são nulas. Escrever do que me está na alma ou falar do que lá vai, nunca foi fácil e nem sei se alguma vez o será. Dizem que vai com a prática mas honestamente não me parece. Falo muito pouco e quando falo não falo, é mais grunhidos e linguagem gestual e corporal, bastante difícil de decifrar pois então. Por isso vamos a banalidades que são sempre um começo para tudo. Banal dizia-se das coisas que pertenciam aos senhores feudais e de que os vassalos se serviam, mediante o pagamento de certo foro, também pode ser trivial, vulgar, ordinário, comum.
Pode ser que seja um começo de escrever... é banal! eu sei ;)