O golpe
Porque no meio da alma alguém
deu esta pedrada faiscante como
um quieto sol ensanguentado e triste,
não há resguardo seguro, nem esquecimento
que me livre desta luz. Se pudesse
dormir, deixar as coisas, extraviar
a bagagem e desdobrar o lençol
da viagem. Sigo, contudo, ofuscada.
O resplendor, há que suportá-lo com firmeza.
A flor incandescente, quem a corta?
Quem sabe já me queime as pestanas,
quem sabe a alegria, quem sabe o duro
osso. Peço então a cinza
deste inútil verão e sua coroa
ardida e devastada, única e minha,
para este corpo de amor, predestinado.
Amanda Berenguer
deu esta pedrada faiscante como
um quieto sol ensanguentado e triste,
não há resguardo seguro, nem esquecimento
que me livre desta luz. Se pudesse
dormir, deixar as coisas, extraviar
a bagagem e desdobrar o lençol
da viagem. Sigo, contudo, ofuscada.
O resplendor, há que suportá-lo com firmeza.
A flor incandescente, quem a corta?
Quem sabe já me queime as pestanas,
quem sabe a alegria, quem sabe o duro
osso. Peço então a cinza
deste inútil verão e sua coroa
ardida e devastada, única e minha,
para este corpo de amor, predestinado.
Amanda Berenguer
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