Cinema

Gosto muito de cinema, de todo o género. Tenho as minhas preferências e o produto americano não é de todo uma delas, sou uma consumidora não assídua e assumida. Do cinema português, tenho assistido com grande entusiasmo à sua evolução. E sim, temos evoluído bastante, embora ainda nos falte um bocadinho assim, para chegarmos ao nível do cinema europeu. O melhor nível, claro!!!.

Fui ontem ver "A outra margem", as palavras de Luís Filipe Rocha, o realizador, explicam o nome do filme, "Frequentemente nós colocamo-nos numa margem que entendemos que é a margem correcta, e excluímos os outros para a outra margem, onde nós achamos que estão os seres humanos incorrectos". O lugar escolhido para um encontro improvável entre um travesti e um jovem com trissomia 21.

Os actores são fabulosos, e mesmo sendo suspeita porque o Filipe Duarte é um daqueles actores a quem sigo de perto a sua carreira e simplesmente adoro pela sua maneira de estar e pela sua humildade como actor, foi considerado "Melhor Actor" no Festival de Montreal, no Canadá. Tomás Almeida, que no filme é Vasco, um jovem com trissomia 21 está igualmente fantástico e também foi premiado.

O argumento é muito bom e a música bem escolhida. Vão dar uma vista de olhos, vale bem a pena!

Fernando Pessoa

"Eu tenho uma espécie de dever, de dever sonhar
de sonhar sempre,
pois sendo mais do que
uma espectadora de mim mesma,
eu tenho que ter o melhor espectáculo que posso.
E assim me construo a ouro e sedas,
em salas supostas, invento palco, cenário para viver o meu sonho entre
luzes brandas
e músicas invisiveis"

livro "Desassossego"

"Vistas de fora, há muitas vidas que parecem falhadas, irracionais, loucas. Enquanto se está de fora, é fácil compreender mal as pessoas, as suas relações. Só de dentro, só caminhando durante três luas com os seus mocassins é que se pode compreender as motivações, os sentimentos, aquilo que faz agir uma pessoa de uma forma e não de outra. A compreensão nasce da humildade, não do orgulho de saber."

Até à morte, tudo é vida

O que é que nos faz mover?
O que procuramos alcançar?
O que nos enche a alma?
O que é a felicidade?
O que nos faz felizes?
Porque temos de estrebuchar e lutar para depois apaziguar?
O que nos faz ficar quietos?
Porque é que o silêncio é necessário? e o movimento?
Porque corremos para alcançar o mundo?
Porque não corre o mundo atrás de nós?
A dor...
A morte...
O sofrimento...
O que...?
Porque nos recusamos a ver?
Porque não ouvimos?
Porque se pensa o que não se deve?
Porque não nos vemos?
Cruzamentos...
Olhamos e vemos tudo a circular.
Mas quem circula?
Porque não param?
Porque não olham?
Seguem...sem ver...
Depois de bater, pensamos que deveriamos ter olhado.
Para a próxima será diferente...
E seguimos...sem ver...