Pequeno adulto
Tenho um sobrinho lindo. Podem pensar que não estou a ser parcial, que sou mais uma tia babada, mas a verdade, é que ele é lindo em todos os aspectos. Apesar de tenra idade, já sofreu e sofre as vicissitudes da vida e como qualquer ser humano, tem dias bons e dias menos bons. Das coisas menos boas e mesmo não percebendo bem os porquês vai arranjando pretextos e desculpas para menos sofrer. Mas a dor está lá, dissimulada, e eu daria tudo quanto tenho para lhe tirar aquele olhar ausente, de quem está "lá e não cá". Não gosta de tocar nos assuntos directamente e como tal tenho de usar artimanhas para chegar até ele. Uma vez lá, toca no assunto mas foge rapidamente e começa a questionar outras coisas, a cantar, a fazer palhaçadas, como quem diz "tia, por aí não quero ir, é muito doloroso". E eu respeito, não vou por ali mas deixo sempre a porta aberta para quando ele quiser falar do assunto. Depois há o seu lado artístico, nasceu para o teatro, para a representação, adora fazer rir quem o ouve, e quem o vê acha que é a criança mais feliz do mundo. Ele nunca deixará transparecer a sua dor. É o meu pequeno adulto.
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