passagens temporais

Gosto de parar e dar sentido ás minhas passagens temporais. De certo já vos aconteceu, estarem em determinado lugar, sentirem um cheiro a perfume que não sentiam há muito e automaticamente são transportados para outro tempo e outro lugar, que não vos ocorreria por nada a não ser mesmo por aquele odor característico de algo. Os sentidos pregam-nos destas partidas. Hoje, saí do trabalho para ir ver de uma prenda de anos para uma colega. Fui e vim num rápido, como requeria o tempo que tinha para toda esta tarefa. Quando voltava, veio-me o cheiro a lenha queimada que misturada com o azul acinzentado do céu, devido ao aproximar da noite e da chuva já à muito prometida, me fez retroceder. Naquele momento, no meu corpo de 35 tinha de novo 12 anos, estava na quinta do meu avô, rodeada de um silêncio ensurdecedor, deste mesmo aroma e desta mesma vista. Tive perfeita consciência que vivi e senti o mesmo de agora, quando tinha aqueles 12 anos.

E é com estes pequenos pormenores do ser humano que me vislumbro